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Gigantes do agro compram soja de fazendeiros multados por plantio em terra indgena embargada em MT 354c6o

Agncia da Notcia com Reprter Brasil

31/05/2023 - 09:56

Gigantes do agro compram soja de fazendeiros multados por plantio em terra ind

Foto: Reproduo

Um esquema ilegal de escoamento de gros em Mato Grosso, itido publicamente por fazendeiros e reconhecido por funcionrios pblicos, pode ter levado soja e milho plantados sem licenciamento em terras indgenas no estado – e dentro de reas embargadas pelo Ibama – at armazns de algumas das maiores empresas globais decommodities.

Uma investigao conjunta daReprter Brasile O Joio e O Trigo revela relaes comerciais entre sete gigantes do agronegcio (Bunge, Cargill, Cofco, Amaggi, do Brasil, Viterra e General Mills) e fazendeiros autuados pelo Ibama por cultivarem irregularmente dentro das terras indgenas (TIs) Pareci, Utiariti e Rio Formoso, do povo Pares.

As negociaes de soja e milho ocorreram em 2018 e 2019, perodo em que havia embargo sobre as reas.Terras indgenas esto localizadas em uma regio de Mato Grosso que concentra grande parte da produo de gros brasileira (Arte: O Joio e O Trigo)
Contudo, as notas fiscais de venda dos gros adas pela reportagem no identificam as fazendas dentro das TIs como a local da produo – isso inviabilizaria os negcios, j que ilegal plantar e tambm comprar produo de terras embargadas. Os documentos indicam outras propriedades agrcolas como a origem dos gros, mas todas so vizinhas (em alguns casos, coladas) TI e pertencentes aos mesmos produtores multados pelo Ibama por levarem adiante lavouras irregulares.

o caso de Eleonor Ogliari, que em maio de 2018 tomou uma multa de quase R$ 9 milhes por manter atividade agrcola na terra indgena Pareci e por impedir a regenerao da mata nativa em 1,6 mil hectares do territrio. A mesma rea foi embargada pelo Ibama semanas depois, em junho de 2018, por estar semeada com milho transgnico – a legislao brasileira veda o cultivo de organismos geneticamente modificados em terras indgenas.

As coordenadas geogrficas das autuaes do Ibama incidem sobre uma lavoura dentro da TI que limtrofe Fazenda Chapada do Sol – propriedade registrada em nome de Eleonor Ogliari e separada do territrio dos Pares apenas pela estrada que o margeia. Foi dessa propriedade que Bunge, Cargill e Cofco compraram milho e soja em 2018 e 2019.

Ao todo, a reportagem identificou cinco produtores multados pelo Ibama em 2018 por produzirem dentro das terras indgenas e que fizeram vendas durante a vigncia dos embargos nas reas para grandestradingsinternacionais de gros. Essa proximidade entre as fazendas que constam nas notas fiscais como a origem da produo e as terras indgenas abre espao para achamada “lavagem de gros”, quando um produtor mistura produo feita em unidades de conservao, reas griladas ou embargadas com soja e milho plantados e colhidos legalmente, mascarando a procedncia da parte irregular da lavoura.

Porm, no caso dos indgenas Pares, a lavagem de gros foi itida publicamente por produtores e funcionrios pblicos que trabalham na regio, em uma srie de reportagens do programa Globo Rural, veiculada em maro de 2019 – quando j havia embargo sobre a rea.

Em um dos vdeos, um fazendeiro “parceiro” dos indgenas nas lavouras de soja d entrevista: “o trabalho feito por eles e eu forneo equipamentos e insumos. O resultado dividido entre ns, meio a meio”,explicou Srgio Stefanello ao reprter. Ele tambm d a entender que os gros eram declarados como sendo produzidos em suas propriedades fora da TI: “a soja vai sair em meu nome [porque] o tempo da burocracia no o mesmo tempo da planta, no d para esperar”, justificou.

Ao Joio e O Trigo, Stefanello confirmou que declarava como sua a produo feita em territrio tradicional: “Foi uma questo de urgncia, a agricultura no espera. Era errado, mas justificvel”, acredita.

Emoutra reportagem da srie, um dilogo entre Carlos Mrcio Vieira Barros, da Coordenao Regional da Funai em Cuiab, e o reprter confirma o esquema para escoar a soja plantada sem licena. O servidor pblico ite que a manobra “no legal”. Agora, em entrevista aos autores deste texto, Barros disse no saber avaliar se o esquema era ilegal, mas o descreveu com detalhes: “Astradingscomo Bunge, Cargill, e Amaggi podem sofrer punies econmicas internacionais se comprarem soja dos ndios, ento elas no compram [diretamente]. Normalmente, os ndios vendem para uma empresa local que dilui, mistura com a [soja] dos fazendeiros, digamos assim, e vai como dos fazendeiros. Os ndios so invisveis na soja”, explica.
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