“A tendncia por um acordo. Se botar todo mundo na cadeia, o legislativo para de legislar, as empreiteiras param de funcionar e o salto pra frente de desenvolvimento, com obras de infraestrutura, no acontece”, disse o filsofo em entrevista ao iG. Ele diagnostica que as instituies padecem de uma “anemia geral” e prev uma sada sem rupturas da crise, bem ao jeitinho brasileiro.
“A Dilma, teimosa, vai ponta do abismo, mas no salta. E ela est fazendo o que? Se reaproximando do Lula _ com quem estava rompida _ e juntando-se ao PMDB. Provavelmente teremos um novo governo Sarney (Jos Sarney/1985-1990). Estamos fadados a mais quatro anos de pasmaceira”, prev.
O cenrio de um impeachment, segundo Giannotti, seria o pior dos mundos para a oposio: o vice-presidente, Michel Temer, no teria condies de “segurar” a crise, o governo aria para as mos do presidente da Cmara, Eduardo Cunha, que em trs meses seria obrigado a marcar uma nova eleio.
“O Lula seria o grande beneficirio do impeachment e poderia vencer a eleio, ele ou algum da esquerda”, afirma. O filsofo frisa que o ex-presidente ainda tem fora e ficou praticamente margem das crticas que partiram da megamanifestao de 15 de maro em So Paulo. “Voc viu Fora Dilma, Fora PT, mas no Fora Lula”, observou.
Segundo o filsofo, h mais uma questo importante envolvida no grande acordo poltico em curso, o acordo, que ele chamou de “trama lamacenta”: a restrio da Operao Lava Jato a seus efeitos judiciais e no mais como uma espcie de cruzada de depurao na poltica cujo alcance no dever ir alm dos grupos polticos conhecidos e nem produzir abalo no sistema.
“A Lava Jato fundamental, tende a avanar, mas na hora em que comear a julgar e as denncias forem para a I, o acordo vai peg-la, vai absorv-la. No creio que possamos ter no Brasil uma operao como foi a Mo Limpas, na Itlia”, disse. Ctico quanto a possibilidade de abalos no sistema poltico atual, diz que no v motivos para rupturas.
“Eu no creio em impeachment. um processo que pede base jurdica e poltica. Base jurdica dificilmente vai haver e mesmo havendo, a menos que tenhamos uma corroso social, esse Congresso no vai votar impeachment”, diz, taxativo.
Giannotti disse que ficou assustado com a anlise apressada de acadmicos que, sem dados mnimos, pintaram a manifestao de 15 de maro, na Avenida Paulista, como uma nova Marcha da Famlia e de caractersticas fascistas ou revolucionrias. Para ele, as manifestaes tm motivaes simples: quem protestou na sexta 13 (CUT, MST e UNE) pediu “no mexam nos nossos benefcios” e os que foram no domingo (universitrios, na maioria) querem reforma poltica para serem representados. Os protestos, segundo ele, deveriam “empurrar pra frente” o sistema poltico, mas este, desgastado, s consegue reagir de forma aleatria e vagarosa, levando com a barriga.
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