A atual estrutura do ensino mdio, formulada na era industrial do sculo 19, est ultraada, defende o diretor institucional do Conselho Nacional de Secretrios de Educao (Consed), Antnio Vieira Paiva Neto.
Na avaliao dele, o modelo foi estruturado de forma fabril o que fragmenta o conhecimento. “O professor tem a sua disciplina, d a sua aula, em horrio prefixado. O aluno no discute, como uma organizao quase terrorista. O aluno vai numa esteira fabril. O pensamento de organizao da escola antiquado e avesso ao pensamento crtico e envolvimento do jovem”, disse Paiva Neto hoje (9) durante o seminrio Desafios Curriculares do Ensino Mdio, promovido pelo Instituto Unibanco, na capital paulista.
O Consed rene os secretrios de educao dos 27 estados e do Distrito Federal. Desde 2013, quando o Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem) apontou um resultado ruim dos estudantes, o Consed vem discutindo mudanas na educao. O conselho apresentou substitutivo ao Projeto de Lei 6.840 de 2013, formulado por uma comisso especial da Cmara que promoveu estudos para a reformulao do ensino mdio.
Flexibilizao
A reforma sugerida inclui a flexibilizao do currculo dessa etapa de ensino. No Brasil, as escolas tem uma grade de horrio fixa e ministram aulas de 13 disciplinas. “Todos fazem a mesma coisa, mas em nenhum lugar do mundo assim”, disse.
Para um currculo mais conectado com a vida dos adolescentes, na avaliao do especialista, seria preciso corrigir a precariedade na formao do professor e mudar a forma de dar aulas que, atualmente, so muito tericas.
Entre os desafios para os diretores e gestores, esto a reestruturao das escolas, a organizao de redes, carreiras e o incentivo ao professor. “Isso vai impor ao gestor uma viso de planejamento que at hoje o pas no teve”, defendeu.
Ocupaes de escolas
Para Antnio, a desconexo dos currculos com as expectativas da juventude explicam as ocupaes das escolas. “Uma coisa importante nesse cenrio hoje de ocupao de escolas, a juventude se coloca como ator que quer ser protagonista no processo da escola. Hoje, a juventude tem o a informaes diferentes da juventude de 30 anos atrs. A escola se distanciou muito da expectativa do jovem e ele percebe isso, mas no distanciando, e sim valorizando aquele espao da escola”, disse.
Economista do Banco Mundial e especialista em educao, Andr Loureiro, lembra que essa desconexo do jovem implica na evaso e abandono escolar. Ele citou o relatrio do Banco Mundial que aponta que, na Amrica Latina, um a cada cinco jovens com idade entre 15 e 24 anos est fora da escola e do mercado de trabalho. “ realmente algo muito preocupante”, avalia.
“Quando chega em 16 ou 17 anos, voc v um grande nmero de pessoas que param de estudar e no entram no mercado de trabalho. Quando se v entre homens e mulheres, essa mudana muito maior”, disse Loureiro.
Do total de jovens fora da escola, 68,6% so mulheres, abandono relacionado gravidez precoce. Os dados apontam ainda que a evaso vista tambm em outros pases. “Embora seja relevante na Amrica Latina, o problema est presente na frica, no sul asitico e no Oriente Mdio, ou seja, esse desafio no nico na Amrica Latina, algo global”, avalia.
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