O 4 Tribunal do Jri do Tribunal de Justia do Rio de Janeiro (TJRJ) julga a partir desta quarta-feira (30) os ex-policiais militares Ronnie Lessa e lcio Queiroz, acusados de ass a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 14 de maro de 2018.
Durante a sesso, sero ouvidas nove testemunhas, sendo sete indicadas pelo Ministrio Pblico estadual e duas pela defesa de Ronnie Lessa. A defesa de lcio Queiroz desistiu de ouvir as testemunhas que havia requerido anteriormente.
Os dois acusados participaro do jri popular por videoconferncia diretamente das unidades onde esto presos. Ronnie Lessa est na Penitenciria de Trememb, no interior de So Paulo. J lcio est no Centro de Incluso e Reabilitao, em Braslia. Algumas testemunhas tambm podero participar de forma virtual da sesso do jri.
O Juzo solicitou s partes envolvidas no processo que apenas compaream em plenrio as pessoas que efetivamente participaro do jri. A medida visa evitar aglomerao e tumulto, em razo da grande repercusso pblica do caso.
Marielle Franco tinha pouco mais de um ano de mandato como vereadoraquando foi assassinada, no bairro do Estcio, no Rio de Janeiro. Ela voltava de um encontro de mulheres negras na Lapa, quando seu carro foi alvejado, atingindo fatalmente tambm o motorista dela, Anderson Gomes. A assessora da parlamentar, que estava ao lado de Marielle, foi ferida por estilhaos. “Os 13 tiros disparados naquela noite cruzaram os limites da cidade, e a ateno internacional voltou-se para o Rio de Janeiro. A morte de uma representante eleita pelo povo foi entendida por setores da sociedade como um ataque democracia”, diz o TJRJ.
Mandantes
O crime deu incio a uma complexa investigao, envolvendo vrias instncias policiais. Depois de muitas reviravoltas, chegou-se priso dos ex-PMs Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. Mas o desfecho do caso s comeou a ser vislumbrado em 2024, com apriso dos suspeitos de serem os mandantes, os irmos Chiquinho e Domingos Brazo, alm do chefe da Polcia Civil na poca da morte, o delegado Rivaldo Barbosa. O processo que envolve os supostos mandantes est no Supremo Tribunal Federal (STF).
Rivaldo Barbosa prestoudepoimento virtualno dia 24 de outubro ao STF. Ele est preso no presdio federal de Mossor (RN). No incio do depoimento, Rivaldo negou ter participado do assassinato da vereadora. "Eu no mato nem uma formiga, vou matar uma pessoa? indagou.
O ex-delegado afirmou que foi apresentado a Marielle pelo ex-deputado estadual Marcelo Freixo, de quem a vereadora foi assessora na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Segundo Rivaldo, por ter atuao no campo dos direitos humanos, Marielle era o elo entre ele e Freixo para receber em audincia pessoas que tiveram parentes assassinados e buscavam informaes sobre as investigaes.
O conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ)Domingos Brazo prestou depoimentono dia 22 de outubro ao STF. Domingos Brazo est preso na penitenciria federal em Porto Velho.
Ele e oirmo, o deputado federal Chiquinho Brazo (sem partido-RJ), so apontados nas investigaes como mandantes do assassinato, de acordo com a delao premiada do ex-policial Ronnie Lessa, ru confesso de realizar os disparos de arma de fogo contra a vereadora. Ele negou conhecer Ronnie Lessa pessoalmente.
Perguntado pelo juiz Airton Vieira, responsvel pela oitiva, o motivo pelo qual um desconhecido o incriminaria, o conselheiro disse que Ronnie estava se sentindo encurralado e queria incrimin-lo aps a imprensa publicar que os Brazo foram citados nas investigaes.
"Foi uma oportunidade que Lessa teve de ganhar os benefcios [da delao]. Um homicida, um homem louco que nunca demonstrou piedade pelo que fez", afirmou.
Chiquinho Brazo prestou depoimentono dia 21 de outubro ao STF. Ele est preso na penitenciria federal em Campo Grande. No depoimento prestado ao juiz Airton Vieira, magistrado auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator da ao penal, Chiquinho Brazo afirmou que nunca teve contato pessoal com Lessa.
"No tenho dvida de que ele poderia me conhecer, mas eu no tenho lembrana de ter estado com essa pessoa", afirmou.
Sobre Marielle Franco, o parlamentar disse que tinha "excelente" relao com a vereadora. Segundo ele, ela tinha um "futuro brilhante".
