A Associao Brasileira de Distribuidores de Energia Eltrica (Abradee) realizou a cerimniado Prmio Abradee 2024 na noite desta quinta-feira (22) em Braslia. O evento reconheceu empresas distribuidoras que se destacaram recentemente na gesto, qualidade, segurana e inovao em suas operaes.
A premiao teve uma trilha sonora original: a Sinfonia dos Distribuidores de Energia - uma valsa de sete minutos de durao, composta a partir de 12 fotografias de arinhos empoleirados em fios de postes de energia. Os fios paralelos formam pautas musicais e as aves distribudas por eles so as notas, conforme interpretao do msico de Jarbas Agnelli, tambm cineasta e publicitrio.
A inusitada sinfonia no um experimento esttico indito. Agnelli reproduziu e aperfeioou a ideia queteve em 2009, quando tirou msica de uma foto que viu publicada no jornal O Estado de S. Paulo, feita pelo fotgrafo Paulo Pinto, hoje coordenador de fotografia daAgncia Brasilna filial paulistana. O compositor Jarbas Agnell viu a foto publicada e produziu partituras musicais criando uma melodia com os pssaros visto na fotografia de Paulo. O nome do projeto Birds on the wires (Pssaros dos Fios) - Jarbas Agnelli.
O fotgrafo fez a imagem quando estava de frias na casa da me, em Santana do Livramento. Era um dia de domingo h exatos 15 anos (23 de agosto), quando Paulo Pinto decidiu sair para fotografar “alguma coisa” aps um churrasco em famlia.
A me mostrou ao filho o bando de arinhos chupins que se aglutinava nos fios dos postes de energia todas as tardes diante da residncia no outro lado da rua, espera da comida habitualmente servida pelo vizinho s pequenas aves visitantes.
“Minha ideia era fotografar com a mquina no cho, para pegar aqueles arinhos se alimentando e dar a sensao de que eles eram maiores. Eu fiz isso. S que quando eu olhei pra cima, nos fios, estava aquele monto de arinhos esperando a sua vez de comer”, recorda-se o fotgrafo. Ele fez vrias fotos dessa posio e reparou nos pssaros distribudos nos fios como em uma pauta musical: “mas que estranho, parece uma partitura aquilo ali.”
Jarbas Agnell pensou a mesma coisa quando viu a foto no jornal enquanto tomava caf da manh no dia seguinte. Imediatamente, ele saiu da mesa para o piano para tirar “a msica” composta pelos chupins gachos. “Na hora, eu parei o caf. Peguei uma tesoura, cortei a foto e fui para o piano. Eu senti vontade de tentar tocar aquela foto.”
Na transposio da imagem ao som, o msico tomou “algumas liberdades artsticas”, como interpretar que os arinhos nos fios dos postes equivaliam s notas f, l, d, mi e sol e definir, a partir das posies das aves nos fios, a durao das notas. “Quando eu vi que tinha uma melodia interessante l, eu fiz um arranjo orquestral”, recorda-se.
A msica extrada da foto publicada tinha um minuto de durao. Jarbas Agnelli entrou em contato com o fotgrafo. Ao ouvir o som, Paulo Pinto pensou “ele olhou o que eu olhei tambm. S que eu olhei fotograficamente e ele olhou musicalmente”.
A histria da msica dos arinhos ganhou as pginas do Estado, virou pauta de outras reportagens nacionais e tornou-se conhecida no exterior com entrevistas de Agnelli rede de rdios pblicas dos Estados Unidos (NPR) e Companhia de Radiodifuso do Japo (NHK). O vdeo feito da execuo da msica foi publicado nas redes sociais, e foi premiado como um dos 20 mais interessantes vistos no YouTube naquele ano.
A foto da msica de Paulo Pinto e a msica da foto de Jarbas Agnelli so “sinestesias”. Palavra de origem grega para descrever a percepo simultnea de sentidos diferentes como a viso que leva a audio, ou o som que forma uma imagem.
