Um estudo realizado no Reino Unido revelou que, assim como existe a covid longa, h tambm os “resfriados longos”, capazes de gerar sintomas que persistem aps a infeco inicial.
Entre os sintomas mais comuns dos resfriados duradouros esto tosse, dores de estmago e diarreia.
As descobertas foram feitas a partir de questionrios preenchidos por 10.171 adultos.
Para entender, no entanto, quem corre maior risco, quo fortes podem ser os sintomas e o que pode ser feito a respeito, so necessrios estudos mais aprofundados, dizem os especialistas.
A ideia de que um vrus respiratrio — ou mesmo qualquer outra infeco viral — possa causar doenas mais duradouras no nova, mas a recente pandemia de covid-19 renovou ateno sobre o fenmeno.
Os pesquisadores responsveis por este novo estudo dizem que os resultados validam a experincia dos pacientes.
"As pessoas podem se sentir realmente exaustas aps um vrus. No algo da imaginao delas, algo reconhecido", disse BBC Adrian Martineau, pesquisador da Universidade Queen Mary de Londres.
Sintomas
O estudo, publicado na revista digital de medicina clnica The Lancet, pediu que as pessoas informassem quaisquer doenas respiratrias e outros sintomas que tivessem tido nos primeiros dois meses de 2021, quando a pandemia de covid entrava em seu segundo ano, e a campanha de vacinao j havia comeado.
Todos os participantes estavam prestes a receber a vacina contra a covid-19.
Dos 10.171 participantes do estudo:
1.343 disseram ter sido recentemente infectados pelo vrus da covid-19
472 disseram ter contrado outro vrus respiratrio, como gripe ou resfriado
Nem todas as pessoas que se recuperam de uma doena apresentam sintomas novos ou persistentes.
Mas na comparao com aqueles que no haviam tido qualquer doena respiratria recentemente, aqueles que relataram ter tido covid, gripe ou resfriado nas semanas anteriores tinham maior probabilidade de apresentar centenas de sintomas no ms seguinte, como:
Diarreia
Problemas de estmago
Dor muscular ou articular
Dificuldades para dormir
Problemas de memria/concentrao
Tonturas
Tosse
Pessoas que tinham tido covid recentemente eram mais propensas a relatar problemas de paladar e olfato, confuso mental, tontura e suor do que pessoas que tiveram sintomas prolongados de resfriado ou gripe.
Pessoas de qualquer idade podem sentir sintomas como a fadiga ps-viral ou outros.
E a gravidade da doena inicial nem sempre permite prever o risco: algumas pessoas podem sentir-se muito mal no incio, mas se recuperam relativamente rpido, enquanto outras, que inicialmente sentiram-se apenas ligeiramente doentes, podem apresentar sintomas debilitantes durante muito tempo.
Terminologia comum
"Nossas descobertas esclarecem no apenas o impacto da covid longa na vida das pessoas, mas tambm de outras doenas infecciosas", disse Giulia Vivaldi, pesquisadora da Universidade Queen Mary de Londres que liderou o estudo.[Pessoa tossindo]CRDITO,GETTY IMAGESLegenda da foto,A tosse um dos sintomas mais comuns.
"A falta de conhecimento, ou mesmo a falta de um termo comum, impede tanto a notificao dessas condies quanto o diagnstico", acrescenta Vivaldi.
" medida que a investigao sobre a covid longa continua, precisamos aproveitar a oportunidade para investigar e considerar os efeitos duradouros de outras infeces respiratrias agudas. Estas infeces 'de longa durao' so muito difceis de diagnosticar e tratar, principalmente devido falta de testes de diagnstico e por haver muitos sintomas possveis", conclui.
Na opinio de Peter Openshaw, professor de medicina experimental do Imperial College London, o estudo importante porque "mostra que a recuperao de uma infeco respiratria aguda pode ser lenta independentemente das causas, e as pessoas devem esperar um retorno lento, e no imediato, normalidade de todas as suas atividades."
Ele tambm alertou que o termo "resfriado longo" no deveria ser usado para menosprezar a incapacitao significativa sofrida por algumas pessoas com covid de longa durao.
"O estudo apoia descobertas anteriores de que sintomas duradouros so comuns aps infeces respiratrias em geral, e no apenas aps covid", disse Paul Harrison, professor de psiquiatria da Universidade de Oxford
