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Sbado, 24 de maio de 2025
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Paciente que teve remisso de cncer com terapia celular volta a fazer caminhadas sozinho: 'Por isso me chamo Peregrino' 6y5v55

Paciente que teve remiss

Foto: Arquivo Pessoal

Quasetrs meses depois de ar por um tratamento considerado revolucionrio no combate ao cncer, o paciente Paulo Peregrino voltou a fazer caminhadas emSo Paulo. O publicitrio combatia o cncer havia 13 anos e teve remisso completa do linfoma em 30 dias com CAR-T Cell (entenda o mtodo abaixo).

Paulo estava prestes a receber cuidados paliativos quando, entre maro e abril, foi o 14 paciente a ser tratado pela terapia. A tcnica combate a doena com as prprias clulas de defesa do paciente modificadas em laboratrio e faz parte de um estudo que usa verbas da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq).

Todos os pacientes aceitos no mtodo tiveram remisso de ao menos 60% dos tumores. A recuperao foi no Sistema nico de Sade (SUS). Oito deles esto vivos.

Omtodo tem como alvo trs tipos de cnceres: leucemia linfoblstica B, linfoma no Hodgkin de clulas B e mieloma mltiplo, que atinge a medula ssea. O protocolo contra mieloma mltiplo ainda no est disponvel no pas.

"Acho que s deixei de caminhar um dia ou dois depois da alta. Mas estou falando naquelas caminhadas no fundo do prdio, de cerca de 10 minutos. A fisioterapeuta me viu caminhando e ficou orgulhosa. Disse que ficou impressionada. Talvez por isso me chamo Peregrino", brinca.

Paulo deixou o hospital em 28 de maio, mas teve uma febre na semana ada. Voltou ao Hospital das Clnicas para receber acompanhamento e saiu nesta sexta-feira (16) a p e com uma mochila nas costas.

Foram 2.437 os, 1.610 metros e 25 minutos caminhando at um mercado.A volta para casa foi com um motorista por aplicativo.

Quando no caminha no terreno do prdio em que alugou um apartamento na capital paulista enquanto ainda monitorado pelos mdicos, Paulo se debrua no projeto do livro que ir contar a saga de mais de dez anos na luta contra a doena.

"Neste fim de semana quero terminar de ajustar a cronologia. Quero inserir dados com ajuda da minha esposa, ver fotos e separ-las por datas. J so 55 pginas", comemora.

O publicitrio de 61 anos o caso mais recente de remisso completa em curto perodo de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. O protocolo foi adotado pela Universidade de So Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeiro Preto, desde 2019.

Relembre o caso

Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, est frente do caso de Paulo.

“Foi uma resposta muito rpida e com tanto tumor. Fico at emocionado [ao ver as duas ressonncias de Paulo]. Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um ms depois da infuso da clula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo ficou impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista.

Entre os outros 13 pacientes tratados como Paulo, 69% tiveram remisso completa em 30 dias. O primeiro paciente que ou pela tcnica na rede pblica do Brasil teve resultados parecidos com os de Paulo,mas morreu aps um acidente domstico em casa.

Car-T Cell: entenda terapia celular contra cncer aplicada de forma experimental

Atualmente, o procedimento no Centro de Terapia Celular feito de forma comiva, quando o estudo aceita o paciente em estgio avanado da doena, e os mdicos conseguem com a Anvisa a autorizao para a aplicao do mtodo.

Quando o mdico teve contato com Paulo, o publicitrio j havia ado por procedimentos cirrgicos, dezenas de exames e quimioterapia. Custo de R$ 2 milhes por paciente.

A tcnica utilizada em poucos pases. No Brasil, no segundo semestre, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell com verba pblica aps autorizao da Anvisa para o estudo clnico.

Atualmente, o terapia s existe na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhes por pessoa.

"Devido ao alto custo, este tratamento no vel em grande parte dos pases do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posio privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto perodo de tempo", diz Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Ncleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeiro Preto, que desenvolveu a verso brasileira dessa tecnologia.

13 anos 'tocando em frente'

Uma linha do tempo ajuda a nortear as idas e vindas dos tumores de Paulo (veja abaixo). O publicitrio mora com a mulher e o filho, de 29 anos, em Niteri, no Rio de Janeiro. A famlia de Recife, mas se mudou para o Sudeste na dcada de 70. Ele o caula entre 10 irmos. Foi o primeiro a enfrentar a doena.

Em 2018, quando comeou a combater o primeiro linfoma, os dias se dividiam entre o trabalho, a quimioterapia e as partidas de vlei de praia. Chegou a jogar um campeonato nas areias cariocas.

“O mdico me disse que eu era o primeiro paciente que fazia um esporte de alto rendimento fazendo quimioterapia. Falei: 'O esporte de alto rendimento, mas meu vlei, no'”, brincou.[Paciente com cncer h 13 anos tem remisso completa em SP em um ms aps terapia celular em estudo na rede pblica]
estudo na rede pblica

Livro no leito e cegueira temporria

Em 2020, a pandemia de Covid isolou Paulo num quarto de hospital. Ele tinha ado por um transplante de medula ssea.

Sem acompanhantes, sozinho, no entanto, no ficou. Pediu enfermeira os contatos dos pacientes de quartos vizinhos e criou um grupo por WhatsApp, o “TMO Juntos” (trocadilho de "transplante de medula ssea" com TMJ de "tamos juntos”).

O grupo era formado por ele, um idoso com a esposa e uma adolescente de 17 anos, que dividiram histrias, se motivaram e trocaram msicas durante o isolamento.

Dentro dos 30 dias, Paulo fez o pr-lanamento de "Brizola e eu", um livro “banhado” a lcool e autgrafos. O esquema era: a esposa entregava os exemplares enfermeira, o lcool higienizava os livros, ele assinava, e os exemplares eram levados para amigos e parentes.

O livro conta a biografia de Jecy Sarmento, um dos principais assessores e amigos do ex-governador Leonel Brizola.

O fim daquele ciclo na internao foi marcado por um bolo levado como surpresa pelas enfermeiras.

A contaminao por Covidveio em 2022, durante uma internao devido a uma queda nas plaquetas — quanto menor a contagem delas, maior o risco de sangramento intenso. A tosseforte causou uma hemorragia interna nos dois olhos e uma cegueira temporria de trs meses.

“Foi a pior sensao da minha vida. Fui em trs mdicos e s o terceiro disse: ‘Vamos operar e retirar essa hemorragia do seu olho.”

Pesquisas na internet levaram a famlia ao CAR-T Cell e ao mdico Vanderson Rocha.

“Comecei a acompanh-lo quando j tinha feito uma grande parte do tratamento. A doena voltou, ento, a ltima opo dele realmente era o CAR-T Cell. Tive que pedir autorizao da Anvisa pra gente poder fazer esse tipo de tratamento. Muitos pacientes no tm essa oportunidade”, explicou o especialista.

Paulo lembra que teve febre no primeiro dia em que as clulas modificadas foram aplicadas no corpo, e chegou a ir para a UTI para ser monitorado.

"Senti um pouco de dormncia nas mos, mas tive acompanhamento antes, durante e depois por toda a equipe multidisciplinar do HC, em So Paulo."

Apesar da remisso da doena em um ms, entre maro e abril deste ano, Paulo deixou para novembro a “festa da cura”.Por enquanto, ele ficar na capital paulista para acompanhamento.[Paulo com a esposa, Ana Maria, e o nico filho, Gabriel.

'Objeto de estudo"

O educador fsico Bruno Marques Giovanni outro dos pacientes do grupo de estudos de que Paulo participa. H um ano e meio, o educador fsico retomou a rotina, depois de sair do Hospital das Clnicas de Ribeiro Preto. Foram trs anos de luta contra uma leucemia agressiva, que teimava em voltar.

S depois de cinco anos do desaparecimento dos tumores eles e os demais pacientes oncolgicos podem ser considerados curados. At l, o Bruno volta ao hospital a cada trs meses para fazer exames.

“Por ser um tratamento inovador, um negcio que est ainda em estudo, em evoluo, vou l com o maior prazer para ar por esses exames, para eles conseguirem enxergar tudo o que est acontecendo. Porque eu sei que eu sou um objeto de estudo, entre aspas, mas uma pessoa que est superbem. S agradeo a toda a equipe sempre.”

CAR-T Cell no SUS

A produo dessas clulas complexa e tem custo elevado, em torno de R$ 2 milhes por paciente, sem contar gastos como internao, segundo Dimas Covas.

O grupo de pesquisa do Centro de Terapia Celular de Ribeiro Preto desenvolveu a verso nacional dessa tecnologia. S o Brasil utiliza a tcnica em toda a Amrica Latina.

Em 2021, o grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan e foram instaladas duas fbricas no estado, uma na Cidade Universitria, em So Paulo, e outra no campus universitrio de Ribeiro Preto com acapacidade de produo inicial de 300 tratamentos por ano.

“Para disponibilizar para a populao brasileira, necessrio obter financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar os dados clnicos que permitam o registro do produto na Anvisa”, explicou Dimas.

“Este estudo clnico custar R$ 60 milhes, mas economizar R$ 140 milhes em relao aos preos praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministrio da Sade e a expectativa de apoio e financiamento para avanar essa importante tecnologia no pas, que poder iniciar uma nova indstria de biotecnologia”, completou.

A previso a de que o estudo comece em agosto deste ano.

“J tem uma fila de pacientes, porque os mdicos que j sabem que ns estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes esto sendo colocados numa fila por requisitos.”

O que diz a Anvisa

Anteriormente, a Agncia afirmou aog1que tem dado prioridade s anlises do estudo.

“A Anvisa recebeu proposta de ensaio clnico conduzida pelo CEPID-FAPESP-USP e este pedido est em anlise pela Anvisa. O pedido faz parte de um projeto-piloto em que a Anvisa, selecionou o Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP-USP) de Ribeiro Preto para colaborao no desenvolvimento de produtos de terapia avanada no Brasil. Assim, a Agncia tem feito interlocuo com a equipe de desenvolvimento do CEPID-FAPESP-USP para aprimorar o desenho do estudo. O CEPID-FAPESP-USP tambm estabeleceu um cronograma com a Anvisa para enviar informaes sobre a possvel fabricao do produto e os controles aplicveis nos prximos meses. A Anvisa, por sua vez, tem dado prioridade a estas anlises, proporcionando retorno rpido ao desenvolvedor, com o objetivo de priorizar a execuo desse estudo no Brasil."

Como funciona a tcnica

A produo da terapia tem incio com a coleta dos linfcitos de defesa do tipo T do paciente, que so como "soldados" do sistema imunolgico, e que so levados para o laboratrio e modificados geneticamente.

Essas clulas so modificadas geneticamente para reconhecer o cncer, so multiplicadas em milhes e devolvidas ao paciente, onde circulam, encontram e matam o tumor sem afetar as clulas normais.

As prprias clulas do paciente so "treinadas" para combater o cncer.
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