Imagine a Arena Pantanal lotada. Todas as cadeiras ocupadas e mais 10 mil pessoas dentro de campo. Agora imagine todos esses ocupantes sendo mulheres e vtimas de violncia de gnero. Imaginou? Por mais assustador que possa parecer, em 2022 o Brasil registrou 50.962 casos de mulheres que sofreram algum tipo de violncia, seja fsica ou psicolgica.
Os dados foram apresentados na manh desta sexta-feira (17) pela promotora de Justia do Ministrio Pblico de So Paulo, Valria Diez Scarance Fernandes, que ministrou a palestra “Violncia Psicolgica e Revitimizao”, um dos temas abordados no curso “Violncia de Gnero: Desafios e Perspectivas para Elaborao de Um Protocolo Institucional”, realizado pelo Ministrio Pblico de Mato Grosso, por meio do Centro de Apoio Operacional sobre Estudos de Violncia Domstica e Familiar Contra Mulher e Gnero Feminino e Centro de Estudos e Aperfeioamento Funcional – CEAF – Escola Institucional do MPMT.
Para ela, que j atuou em diversas reas no Ministrio Pblico, inclusive de combate ao crime organizado, o que a deixa sem dormir a violncia contra mulher. E no para menos. Em 2022 o Brasil bateu recorde de feminicdios, com uma mulher morta a cada 6 horas. O nmero de vtimas cresceu 5% no ltimo ano, segundo levantamento do Monitor da Violncia. Ao todo, foram 1,4 mil mortes motivadas pelo gnero. O aumento do nmero de casos vai na contramo dos assassinatos em geral, que tiveram queda de 1% em 2022.
“Para mim, falar sobre violncia psicolgica virar a chave. Infelizmente esse tipo de violncia ainda muito pouco identificada, banalizada e ns precisamos mudar isso. Trabalhar com violncia psicolgica ir muito alm das leis, ler a pessoa, escutar a vtima, pois a violncia psicolgica est na sutileza e no nos grandes atos do agressor”, ressalta a palestrante.
Em 2022, conforme o Anurio Brasileiro de Segurana Pblica, foram registrados 8.390 casos de violncia psicolgica contra mulher e 27.722 casos de stalking (perseguio), novos tipos de crimes contra a mulher, que juntos com agresses, ameaas e mortes tm feito crescer de forma exponencial a violncia contra o gnero feminino no pas.
As promotoras de Justia do MPMT, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria e Gileade Pereira Souza Maia, que atuaram como debatedoras no , agradeceram a exposio da palestra e ressaltaram a importncia de debater a temtica violncia de gnero, mantendo-a sempre em pauta.
“Nosso papel atender, acolher e proteger as vtimas. No nossa funo tomar decises pela vtima, oferecer falsa segurana, minimizar o problema, realizar intervenes prematuras e jamais, jamais esquecer que a vtima de violncia no tem culpa”, finalizou a palestrante.