Watatakalu Yawalapiti, sobrinha do cacique Aritana Yawalapiti, viu de perto como a covid-19 matou dezenas de indgenas no Parque Indgena do Xingu, no norte de Mato Grosso. Na pandemia ela perdeu a me, o tio Aritana e mais 6 familiares.
Em depoimento divulgado pela revista Piau, Watatakalu conta como a covid-19 chegou s aldeias e o rastro de destruio e tristeza que deixou por onde ou. Sem infraestrutura para atender os doentes e com pouco apoio do governo, os indgenas, especialmente os mais velhos, no tiveram chance contra a doena.
"A covid entrou no territrio Xingu no final de maio de 2020, na regio do rio Culuene, e o primeiro boletim com casos confirmados saiu em junho", lembra a lder indgena. Uma das primeiras infectadas em sua famlia foi a irm Ana, que chegou a ter 80% do pulmo comprometido e duas paradas cardacas. Ela sobreviveu, mas ainda enfrenta dificuldades.
"Nossos parentes eram levados para receber tratamento mdico na cidade e morriam. Teve um dia que escutei o barulho do avio levando o corpo do meu tio e temia que a minha irm fosse a prxima", afirma Watatakalu.
O cacique Aritana, que morreu em agosto de 2020 deixou toda a comunidade em choque. "O Xingu todo parou. Nosso povo ficou rfo. (...) Naquele momento, as pessoas das aldeias j tinham percebido que no era uma 'gripezinha', como havia dito o governo federal, porque vrios parentes nossos estavam morrendo por causa da doena".
"Desde que a pandemia chegou ao territrio Xingu, alm da minha me, perdi dois tios, duas primas, uma tia-av, um tio-av e o marido da minha prima por conta da Covid. Foram oito pessoas da minha famlia direta. Durante todo esse tempo, a sade indgena nos abandonou", enfatizou a sobrinha de Aritana.