No prximo dia 26 de maro, comemorado o Dia Internacional de Conscientizao sobre a Epilepsia, o Purple Day, para chamar ateno sobre a doena que acomete 2% da populao no Brasil e afeta em torno de 50 milhes de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organizao Mundial de Sade (OMS).
A epilepsia no uma doena mental e definida por crises epilpticas recorrentes. Esses episdios ocorrem quando um grupo de neurnios no crebro, que apresentam uma propenso a disparar descargas eltricas de forma desordenada, entram em atividade. O tipo de crise epilptica, de maior conhecimento da populao, a crise convulsiva, em que h ativao de neurnios responsveis por controle muscular, gerando os movimentos tpicos que vemos nesses episdios.
“Essa descarga eltrica pode ficar focada em um grupo de neurnios ou se espalhar alm desse circuito doente e causar vrios tipos de sintomas”, explica o Dr. Guilherme Torezani, coordenador de doenas cerebrovasculares do Hospital Icara e do Hospital e Clnica de So Gonalo. Lembrando que ainda h muito preconceito e falta de informao sobre a epilepsia, ele ainda afirma:
“As pessoas com epilepsia podem ter uma vida normal se seguirem o tratamento adequado com medicao de uso contnuo prescrita pelo mdico neurologista”.
Sintomas
De acordo com Guilherme, dependendo da regio do crebro em que houver a ativao, o paciente pode ou no perder conscincia. Ao final da crise o paciente pode sentir-se confuso, com pensamento lentificado e levar um tempo para voltar normalidade.
Outros sintomas podem ser:
Crises focais e motoras como: movimentos de apenas um dos braos ou perna, espasmos em um dos lados do rosto,
Crise discognitiva, em que a pessoa fica “area” por algum tempo;
“O mais importante que, quando esses sintomas ficam repetitivos, necessrio estar atento e procurar um neurologista para investigar. As crises, alm de frequentes, seguem um mesmo padro de comportamento, sendo variveis em relao durao”, explica o mdico.
Cuidados essenciais e tratamento
Segundo o neurologista, o tratamento da epilepsia um dos mais ricos em termos de medicamentos que agem nos neurnios, evitando os disparos eltricos desordenados.
H tambm as neurocirurgias, caso seja necessrio, aps a verificao de alguma leso cerebral nos exames de ressonncia do paciente, “h ainda o canabidiol, que usado para algumas crises refratrias e de difcil controle e que tem apresentado boas respostas, inclusive atravs de muitos estudos”, complementa.
Guilherme alerta que, mesmo com o consumo regular dos medicamentos para epilepsia, se o paciente consumir lcool ou no dormir o tempo necessrio, ficar sob estresse emocional muito intenso, perodos de jejum prolongado, ter hipoglicemia, alteraes na dieta, entre outros motivos, ele pode vir a ter crises.
“Alm desses fatores desencadeantes acima, se o paciente vir a esquecer de tomar a medicao ou ficar muito tempo sem o medicamento, nesse intervalo tambm pode haver crises”, alerta.
Como ajudar
Durante uma crise convulsiva, o paciente pode se debater, morder a lngua, se urinar e at mesmo vir a cair e se machucar, pois a pessoa perde o tnus muscular.
Para Guilherme, o primeiro o se manter calmo para poder ajudar.
“Para ajudar algum que esteja tendo uma crise convulsiva, o indicado escorar a pessoa para que ela no caia no cho e afastar qualquer objeto que possa machuc-la, como objetos cortantes, por exemplo. Dar e para a cabea tambm essencial, seja com algo macio, como um travesseiro ou casaco dobrado. Se possvel, colocar a pessoa deitada de lado para que no aspire a saliva ou vmito e ficar ao lado dela amparando at que a crise termine”, conclui.
Guilherme explica que as crises convulsivas costumam ser breves, e no necessariamente a pessoa que tem epilepsia e tem uma crise precisa procurar atendimento mdico.
“Se for uma pessoa desconhecida, na rua, por exemplo, pode sim acionar o socorro mdico. Principalmente se for uma crise fora do comum, superior a 5 minutos, por exemplo, o que um sinal de gravidade”, alerta.
O que no fazer
O mdico alerta que, durante uma crise, jamais devemos:
Colocar o dedo ou qualquer objeto na boca da pessoa para evitar que ambos se machuquem;
Nunca segurar a pessoa, apenas ampar-la ;
Nunca jogar nada no rosto, como gua ou lcool, o que no ir ajud-la a voltar conscincia.