Alvo de operao da Polcia Federal (PF), o empresrio Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, afirmou nesta tera-feira (23/8) que foi “tratado como bandido”, mas disse estar com a conscincia limpa.
A PF cumpre mandados de busca e apreenso contra oito empresrios investigados por defender um golpe de Estado. O caso foi revelado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrpoles. A ao realizada em So Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Cear.
“Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a conscincia limpa”, afirmou Hang, em nota imprensa.
“Desde que me tornei ativista poltico prego a democracia e a liberdade de pensamento e expresso, para que tenhamos um pas mais justo e livre para todos os brasileiros”, prosseguiu ele.
O empresrio contou que trabalhava na empresa, s 6h, quando a PF o abordou e recolheu seu telefone celular.
“Eu fao parte de um grupo de 250 empresrios, de diversas correntes polticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda no existe crime de pensamento e opinio”, afirmou.
“Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp est claro que eu nunca, em momento algum, falei sobre golpe ou sobre STF. Eu fui vtima da irresponsabilidade de um jornalismo raso, leviano e militante, que infelizmente est em parte das redaes pelo Brasil”, concluiu.
Alm de Luciano Hang, so alvos das buscas: Afrnio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; Jos Isaac Peres, do grupo Multiplan; Jos Koury, dono do shopping Barra World; Luiz Andr Tissot, da Sierra Mveis; Marco Aurlio Raymundo, da Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.
A reportagem do Metrpoles tenta contato com a defesa de todos os empresrios citados.
Em nota, os advogados de Ivan Wrobel afirmaram que o empresrio teve a honra e a credibilidade abaladas “simplesmente por participar de um grupo de WhatsApp”.
“Descendente de famlia polonesa judia, o Sr. Ivan sempre soube o perigo que ditaduras podem causar. Cumpre ressaltar em 1968, quando aluno do IME, foi convidado a se retirar da instituio por ter se manifestado contrrio ao AI-5. Foi convivendo e defendendo a Democracia que o Sr. Ivan traou toda sua vida, tanto familiar como profissional”, disse a defesa.
“Transmitir fake news a respeito de pessoas que levam uma vida correta, pagam seus impostos e contribuem com a sociedade no parece que seja um caminho que se deva perseguir”, prosseguiu.
Como mostrou a coluna de Guilherme Amado, a defesa explcita de um golpe, por parte de alguns empresrios, aconteceu no grupo de WhatsApp Empresrios & Poltica, criado no ano ado. As trocas de mensagens foram acompanhadas pela coluna ao longo de meses.
Praticamente todos os integrantes do grupo fizeram ataques sistemticos ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituies que se oponham a Jair Bolsonaro.
Os empresrios bolsonaristas tambm legitimaram a disseminao de desinformao como uma arma de disputa poltica. Eles compartilharam fake news sobre o indigenista e o servidor pblico Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, as vacinas e tambm contra as urnas eletrnicas. Tambm houve discursos de homofobia, preconceito contra quem trabalha com pessoas em situao de rua e dio a jornalistas e a veculos de imprensa.