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Quinta-feira, 22 de maio de 2025
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QUEM QUEIMA DINHEIRO? QUEIMADAS DESCONTROLADAS CONFUNDEM O BRASIL! f2x3v

Foto: Assessoria

Quando o assunto est relacionado s “queimadas” pelo pas, a sensao que tenho a de que estamos todos confusos! Sentimos as consequncias trazidas pelo tempo extremo, quando se associam trs fatores: altas temperaturas, baixa umidade do ar e ventos fortes. Uma combinao que, quando encontra vegetao seca, provoca a destruio que acompanhamos nas ltimas semanas na televiso e nas redes sociais e que impacta tanto o produtor rural quanto a dona de casa que vive na cidade.

Mas a quem culpar?

Em primeiro lugar, preciso diferenciar “incndio florestal” (fogo no controlado ou no planejado) de “queimadas” (controladas ou prescritas). Estas ltimas podem estar condicionadas autorizao do rgo ambiental competente e permitidas apenas fora dos perodos proibitivos. Ambas esto muito bem caracterizadas na Poltica Nacional de Manejo Integrado do Fogo (Lei 14.944, de 31 de julho de 2024).

Muitos “juristas da internet” apontam o dedo sem embasamento e criminalizam o setor produtivo agropecurio, mesmo desconhecendo os cenrios e elos dessa cadeia produtiva, que depende do clima para continuar pujante e economicamente vivel. Um produtor no queimaria intencionalmente seus principais ativos! Afinal, para que exista colheita dos gros ou para que o boi engorde no pasto, preciso um regime regular de chuvas, qualidade do solo e conservao ambiental, obrigatria por lei!

Os ativos custam para quem produz: de acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuria (IMEA), para a safra 24/25, o agricultor mato-grossense desembolsou, com as atividades para a correo do solo e investimentos em defensivos e fertilizantes, aproximadamente R$ 1,7 mil por hectare. No caso da cadeia da carne bovina estruturada, segundo o IMEA, o pecuarista mato-grossense tem um custo operacional total mdio de R$204,39 por arroba vendida num ciclo completo dos animais. Levantamentos do Ministrio Pblico Federal mostram que aproximadamente 92% dos animais abatidos para comercializao em Mato Grosso no ano de 2023 vm de fazendas que am por verificaes socioambientais executadas por indstrias frigorficas que am um TAC (termos de ajustamentos de conduta) com o prprio MPF.

Cuidar do solo vital para a agropecuria comercial! Uma rea atingida pelo fogo, alm da perda da biodiversidade, joga fora todo este dinheiro e fica improdutiva, necessitando de novos investimentos! Existe tambm o risco de multas e embargos e o consequente impedimento de comercializao. Queimar reas preparadas queimar dinheiro! Quem iria queimar seu prprio dinheiro desta forma?

Muitas pessoas escutam boatos e me perguntam o que est acontecendo no mundo real, no cho das fazendas? Muitas suspeitas e acusaes podem ser reais, mas no temos certeza. No auge de uma crise como essa, no hora de buscar culpados, alimentando a desinformao. Penso que preciso compreender quais so os elos da sociedade envolvidos e, principalmente, quais setores so beneficiados por esses incndios. Investigar e buscar provas j uma tarefa da polcia!

Ento, a quem interessaria queimar solo e vegetao?

Diferentemente dos produtores rurais, os especuladores imobilirios perceberam que a terra com floresta no tem valor nenhum para eles, mas desmatada ela a a valer muito. So esses que grilam terras pblicas, desmatam com as queimadas (que a forma mais barata de desmatamento, para quem no tem documentos que os vinculam terra), em um segundo momento cercam as reas queimadas e colocam bezerros entre os tocos secos e tentam parecer produtores rurais, mas no so! Esses criminosos no produzem nada e parecem ser os maiores interessados em provocar esses incndios! Parte dessas reas, com o ar dos anos, regularizada e termina sendo comprada legalmente e integrada no sistema produtivo formal, seja para pecuria ou para agricultura. O que o poder pblico poderia fazer para evitar essas aes?

O que sei que no podemos confundir invases de terras, desmates ilegais e incndios criminosos motivados pela especulao imobiliria ou motivaes que no conseguimos compreender, com as atividades de rotina executadas por agricultores e pecuaristas que vendem sua produo para tradings e frigorficos, sujeitos a uma complexa verificao de exigncias socioambientais de suas propriedades.

preciso compreender que os produtores que seguem a legislao e as boas prticas so aliados do clima e tm papel relevante na produo de alimentos, contribuindo para a segurana alimentar e climtica global. E esses tambm se tornam vtimas dos especuladores imobilirios, uma vez que suas reas destinadas conservao por lei so ameaadas de invaso ou atingidas por queimadas criminosas. reas pblicas como Parques, Unidades de Conservao e Terras Indgenas tambm so dizimadas em consequncia dessa tentativa irresponsvel de valorizao de terras por quem no tem relao com o setor produtivo.

Independentemente das aes de autoridades polticas, caber ao produtor rural, a partir de agora, tratar o combate aos incndios com o mesmo profissionalismo que exerce em suas lavouras ou em sua pecuria intensiva. Financiamentos verdes e subsdios devem surgir para custear aes preventivas e investimentos em equipamentos de combate a incndios. Ser cada vez mais importante a utilizao de tecnologia para monitoramento do fogo, estruturao de aceiros, treinamento de colaboradores, criao ou profissionalizao das brigadas de incndio regionais, que podem utilizar-se de aeronaves agrcolas para jogar gua nos focos de fogo no perodo da seca.

Aos ambientalistas e comunicadores que simplificam a questo apontando o agronegcio como o principal vilo, cabe pesquisar melhor e reconhecer as particularidades de cada elo das cadeias envolvidas, contribuindo com propostas mais efetivas para enfrentar o problema.

Acredito que, enquanto a terra desmatada tiver muito mais valor que a terra florestada, esse problema da especulao imobiliria no vai acabar. Um bom caminho que vislumbro o fortalecimento do Mercado de Carbono e de Pagamento por Servios Ambientais (PSA). Ser a concretizao da verdadeira vocao do produtor rural brasileiro, que alm de produtor de alimentos, fibra e energia, tambm ser reconhecido como prestador de servios ambientais. A estruturao desses mercados, juntamente com a boa informao ao consumidor global sobre nossos atributos de sustentabilidade, trar mais proteo aos nossos biomas, valorizando assim o nosso sistema produtivo sustentvel.

No mais tempo de debates infundados, em busca de encontrar culpados entre aqueles que produzem legalmente e protegem a biodiversidade dentro de suas terras! Esses esto ocupados, trabalhando dentro da lei!

Caio Penido

Caio Penido
Caio Penido empresrio, produtor audiovisual e rural na regio do Vale do Araguaia, em Mato Grosso, e presidente do IMAC (Instituto Mato-grossense da Carne). Foi fundador da Liga do Araguaia, movimento que nasceu em 2015 visando a adoo de prticas sustentveis e que em 2021 se tornou o Instituto Agroambiental Araguaia.
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