A febre oropouche uma doena causada pelo vrus Oropouche e tem sido motivo de preocupao com o aumento de casos em algumas regies do Brasil, incluindo Mato Grosso.

Transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-plvora, esse vrus foi detectado no Brasil na dcada de 1960 a partir de amostra de sangue de um bicho-preguia capturado durante a construo da rodovia Belm-Braslia.

Desde ento, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos Estados da regio Amaznica.

A transmisso ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudvel, ando a doena para ela. Existem dois tipos de ciclos de transmisso da doena:

Ciclo silvestre: nesse ciclo, os animais como bichos-preguia e macacos so os hospedeiros do vrus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, tambm podem carregar o vrus, mas o maruim considerado o principal transmissor nesse ciclo.

Ciclo urbano: j no ciclo urbano, os humanos so os principais hospedeiros do vrus. O maruim tambm o vetor principal, porm, alguns casos tambm podem estar associados ao Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos.

Febre oropouche versus dengue

Alm da diferena entre os mosquitos vetores, que, no caso da dengue, o Aedes aegypti, as doenas se diferenciam pela evoluo do quadro clnico. O paciente diagnosticado com dengue pode comear a sentir dores abdominais intensas e, no pior dos casos, pode apresentar hemorragias internas, o que no acontece na oropouche.
Uma caracterstica especfica da oropouche a apresentao de ciclo bifsico. Geralmente, a pessoa tem febre e dores por alguns dias e eles desaparecem em seguida. Aps uma semana, o quadro da doena retorna, at sumir novamente.

Porm, uma outra caracterstica marcante que nos casos mais graves pode haver comprometimento do sistema nervoso central, com quadros como meningite assptica e meningoencefalite, principalmente em pacientes imunocomprometidos. Vale ressaltar tambm que, diferente da dengue, ainda no h imunizantes especficos para a febre oropouche.

Grupos de risco

Os idosos e as crianas so os principais grupos de risco da febre oropouche. No caso dos idosos, o perigo est relacionado maior possibilidade de desidratao e presena de comorbidades. J entre crianas, alm da desidratao, a dificuldade de controlar a febre o que amplia o risco de a doena evoluir para um quadro pior.

Diagnstico

Atualmente, apenas um exame faz a identificao da doena: o RT-PCR desenvolvido pela Fiocruz Amazonas. A coleta por meio do sangue e o exame fica disponvel nos Laboratrios Centrais de Sade Pblica (Lacens). Existem tambm testes que dizem se a pessoa tem anticorpos da doena, e que revelam infeco recente, mas so poucos disponibilizados em laboratrios.

Tratamento

Ainda no h um medicamento especfico para tratar a febre oropouche. Por isso, o tratamento de e. Ou seja, costumam ser istradas medicaes para dor, nuseas e febre, alm da indicao de hidratao e repouso.

Preveno

De acordo com o Ministrio da Sade, as formas de preveno incluem:

-Evitar reas onde h muitos mosquitos, se possvel;
-Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas reas expostas da pele, especialmente nas regies com maior nmero de casos;
-Manter a casa limpa, removendo possveis criadouros de mosquitos, como gua parada e folhas acumuladas;

Como j h vrios casos confirmados em Mato Grosso, recomendado seguir as orientaes das autoridades de sade local para reduzir o risco de transmisso, como medidas especficas de controle de mosquitos.

Dra. Daniela Barros mdica infectologista e integra a equipe da Clnica Vida Diagnstico e Sade, em Vrzea Grande (MT)