Acompanhada de uma cuia com terer e uma moda de viola tocando ao fundo, Samira Juraszek percorre as lavouras de soja e milho a perder de vista em Sapezal, no corao de Mato Grosso. Sozinha dentro de uma cabine, que por vezes refrigerada e, por outras, no, ela pilota tratores, pulverizadores e colheitadeiras sob o sol escaldante caracterstico da regio.
Natural de Ji-Paran (RO), a jovem de 21 anos viveu na cidade at os 16, quando, ao lado do pai e de dois irmos mais novos, ela se mudou para o Centro-Oeste. “Durante a infncia, em Rondnia, eu ava quase todas as frias em uma fazenda de parentes do meu pai. L, eu adorava ir para a lida com eles, cuidar dos bichos, estar perto da natureza”, lembra.
Na famlia, apenas os avs eram agricultores. Nenhum descendente havia se interessado pela vida no campo. Samira mudou a escrita. “Quando nasci, minha me enterrou meu umbigo na porteira de um stio. Ela diz que foi por isso”, brinca. Ao se mudar para o estado que o maior produtor nacional de gros, ela decidiu fazer um curso para operar mquinas agrcolas, oferecido por sua me. poca, ela era garonete nas noites sapezalenses.
No contato com os clientes, a jovem atendia muitos profissionais do agro. Um deles, ao saber que Samira era habilitada a comandar os veculos grandalhes, ofereceu a ela a primeira chance de colocar em prtica o que aprendera nas aulas. Samira realizou seu sonho de trabalhar no campo. Da em diante, no parou mais – de plantar, pulverizar, colher e estudar.
Do alto de sua cabine, ela cumpre sua jornada contemplando a imensido do horizonte no Cerrado brasileiro. “Sou grata a Deus por muitas coisas que acontecem na minha vida”, diz. “E eu gosto da minha solido.”